Rede de preservação do samba de roda ganha força com investimento de R$ 2,5 milhões do Governo do Estado


A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) investe R$ 2,5 milhões no novo espaço cultural dedicado à memória e salvaguarda do samba de roda em Salvador. O equipamento, que funcionará no Parque do Abaeté e será gerido pela Associação das Ganhadeiras de Itapuã, fará articulações com outros dois espaços existentes no Recôncavo Baiano: Casa do Samba de Santo Amaro e Casa do Samba D’ Dalva, em Cachoeira.

A união dos três espaços será crucial para a composição de uma rede de preservação do samba de roda. O chamamento de licitação para contratação da elaboração do projeto e execução da obra foi publicado, em março, pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). O projeto prevê a construção de um espaço com 441,80 m² de área, com infraestrutura ampla e moderna para atender às atividades culturais e administrativas do grupo. A estrutura contará com varanda externa, sala de segurança, sala de oficinas, bilheteria, ponto para loja, sala de oficinas, palco, salão para plateia, camarim e estúdio de gravação.

De acordo com o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Bruno Monteiro, a iniciativa contribui com a preservação desta manifestação cultural tão relevante para a Bahia e o Brasil. “O espaço será dedicado a uma manifestação cultural genuinamente baiana e integra um amplo programa do Governo da Bahia de salvaguarda e valorização da nossa rica diversidade cultural. A missão é impulsionar a vida artística e as tradições do Parque do Abaeté, valorizando esse espaço de tanta história e identidades”, completou.

PATRIMÔNIO - Manifestação cultural afro-brasileira que combina música, dança e poesia, o samba de roda é considerado uma das referências do samba nacional. Nascido em diversas comunidades do Recôncavo Baiano, principalmente em Santo Amaro, Cachoeira e Saubara, o ritmo foi registrado como patrimônio imaterial do Brasil e, em 2005, declarado patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco. Em 2020, o samba de roda também foi registrado como patrimônio imaterial da Bahia.

Em 2004, a história do samba de roda se cruza com As Ganhadeiras de Itapuã, grupo que traz a memória das antigas negras de ganho do período colonial e que desenvolve hoje um trabalho de valorização da mulher como agente social e de resgate das tradições populares, sambas e cânticos de suas ancestrais.
Para a sambadeira e diretora de Patrimônio da Associação das Ganhadeiras de Itapuã, Verônica Mucúna, a nova sede representa o retorno do grupo ao local onde tantas mulheres tiraram seu sustento, compuseram suas músicas e contaram suas histórias.

"Será nossa casa, a casa de ganho, onde vamos salvaguardar história, vamos poder estabelecer e assentar fatos de uma história de dores e sabores. Em se tratando de cultura afroindígena, qualquer lugar onde possamos residir para preservar história e legado é extremamente necessário. Isso nos traz alegria e sensação de mais uma luta vencida. É a certeza da enorme responsabilidade que nós merecemos para manter a salvo um patrimônio que não terá fim", disse.

SecultBA
Foto de Leto Carvalho
Publicado em 10.04.2025