A contribuição de técnicos é destaque na terceira edição do A Quarta É Nossa
A terceira edição do A Quarta É Nossa trouxe para o centro do palco e da conversa os profissionais que costumam estar nos bastidores das produções artísticas: os técnicos. Os idealizadores da Revista LabCenas, Marina Martinelli e Moisés Victorio, destacaram a importância do trabalho criativo dos técnicos para o resultado final das obras. Quem esteve na noite de ontem, quarta-feira (18), no Centro de Cultura de Alagoinhas, pôde conferir também o show autoral de Osvaldo Bola, mais um nome da nova geração de músicos da cidade, além da exposição permanente de Pinho Blures, que nesta edição foi incorporada ao cenário do evento.
Iluminadores, sonoplastas, cenógrafos, cenotécnicos, operadores de luz e som, figurinistas maquiadores... é uma gama de profissionais que não estão em cena, mas, sem eles, o espetáculo não aconteceria. A invisibilidade destas categorias dentro do campo das artes tem motivos variados. Para Moisés Victorio, um dos motivos é o fato de que, em geral, os técnicos são negros e sem formação acadêmica, pois são forjados no exercício diário da estrada da profissão. Outro motivo é o fato de os técnicos serem vistos como mero executantes, e não como trabalhadores criativos. “Somos deixados de lado na concepção estética, mas influenciamos diretamente o resultado final da produção”, afirmou ele.
Marina Martinelli também enfatizou que o “trabalho técnico não é menos criativo, nem menos artístico” que o trabalho de atores e diretores, pois ele vai muito além de somente operar equipamentos. “A airfryer não substitui o chefe de cozinha”, disse ela explicando que técnica e tecnologia são coisas diferentes, e que, para além desaber utilizar um equipamento, o técnico imprime a sua subjetividade e o seu olhar sobre a obra. A conversa foi mediada pelo coordenador do Centro de Cultura de Alagoinhas, Nando Zâmbia, que além de gestor, é ator e iluminador.
Após o bate-papo, como é praxe no A Quarta É Nossa, o microfone foi aberto para participações do público e artistas presentes. E quem encerrou a noite foi o cantor e compositor Osvaldo Bola que, acompanhado pelo baixista Luska, apresentou canções do seu EP “Junto”. Bola é mais um dos artistas da nova geração de Alagoinhas que vem se destacando pela produção autoral de canções com forte influência da música popular brasileira. Além de cantor e compositor, Bola também se dedica às artes visuais, e compartilhou com o público algumas de suas ilustrações com a exposição “À Parte”, no Foyer do Centro de Cultura.
Já o artista visual Pinho Blures, que tem marcado presença no projeto com uma exposição permanente e em construção,teve o seu trabalho incorporado ao cenário do evento nesta terceira edição. A exposição “Contagem Regressiva”, que ocupa uma das paredes do Foyer, e propõe uma viagem pela trajetória do artista através de fotografias e desenhos, se uniu à instalação de andaimes e luzes que transformam o Foyer no palco doA Quarta É Nossa.
A Quarta É Nossaé o mais novo projeto estratégico do Centro de Cultura de Alagoinhas, que tem movimentado o cenário artístico e cultural da cidade, reunindo artistas das mais diversas linguagens e gerações para bate-papos e apresentações. Em três edições, já passaram pelo projeto nomes como Onisajé, Pinho Blures, Maurício Santana, João Sereno, Aline Lucena, Bruna Meyer, Ballet Carolina Vila Nova,Heitor Rocha, Nildes Oliveira, Alessandra Nohvais, Tauã Visceral, Sangue Real e Osvaldo Bola, além de dezenas de participações através do microfone aberto.
Espaços Culturais da SecultBA - A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia mantém 17 espaços culturais geridos pela Diretoria de Espaços Culturais (DEC), e localizados em diversos Territórios de Identidade. Destes, cinco encontram-se em Salvador - Cine Teatro Solar Boa Vista, Espaço Xisto Bahia, Casa da Música de Itapuã, Centro de Cultura de Plataforma e Espaço Cultural Alagados - e 12 nos municípios de Alagoinhas, Feira de Santana, Guanambi, Itabuna, Jequié, Juazeiro, Lauro de Freitas, Mutuípe, Porto Seguro, Santo Amaro, Valença e Vitória da Conquista.
Foto: Gabriela Fonseca