Cau lança EP "IMENSA", com tom feminista e ritmos nordestinos



Das reflexões sobre ser mulher, estar no mundo e se relacionar afetivamente, a cantora e compositora baiana Cau apresenta o seu primeiro EP "IMENSA", que será lançado no dia 29 de abril nas principais plataformas digitais. O álbum conta com cinco faixas autorais que mesclam a essência batuqueira da artista com beats eletrônicos, influências de ritmos nordestinos, rock e MPB, resultando numa mistura pop. Mais informações podem ser acompanhadas através do instagram @cantacau.

Em suas músicas autobiográficas, a artista canta com voz suave e ao mesmo tempo firme, falando de temas como a superação de um relacionamento abusivo, a crítica pela objetificação do corpo feminino e a exigência por um padrão de beleza, além das "conexões desconectadas" que permeiam as rotinas sociais. "IMENSA dialoga com a relação da mulher no mundo, traçando reflexões pessoais sobre o patriarcado e a sociedade em geral" revela Cau.

A produção musical se baseia em referências contemporâneas trazidas por beats eletrônicos, com pitadas de ritmos nordestinos, fugindo da atmosfera da MPB consagrada e construindo uma identidade singular para o álbum. Em cada faixa é possível perceber a trajetória de uma artista inquieta, que dialoga com o seu tempo, mas também é questionadora e busca por inspirações em outras mulheres, na sua ancestralidade e no cotidiano, com leve tom cosmopolita e coração vibrante de nordestina.

Além de compor e cantar, Cau é professora de canto, co-fundadora e batuqueira do Maracatu dos Ventos de Ouro, como costuma se intitular. Em 2017 estreou sua carreira solo com o show SUOR e a partir do lugar de intérprete descobriu em si uma fonte infinita para suas composições. A artista também se denomina uma eterna aprendiz que está constantemente se debruçando e investigando sobre a música e o canto.

Esse projeto foi contemplado pelo Prêmio Riachão – Projetos de Pequeno Porte, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, destinado pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

SERVIÇO

Lançamento do EP “Imensa” de Cau
29 de abril
Disponível nas plataformas digitais
Acompanhe em:
Instagram: @cantacau
Youtube: /caucanta



SOBRE CAU

Cau nasceu em Salvador, é cantora, compositora, co-fundadora e batuqueira do Maracatu Ventos de Ouro. Em seu trabalho, mescla ritmos que estão conectados à identidade nordestina, em roupagem contemporânea, ao rock, a MPB, com beats eletrônicos, resultando numa mistura pop. Tem como principais influências musicais Milton Nascimento, Céu, Neila Kadhí, Esperanza Spalding, Roberta Sá e Vanessa Moreno. A voz de Cau resguarda, ao mesmo tempo, suavidade e força trazendo diferentes possibilidades para suas interpretações, já que suas composições nascem de reflexões sobre experiências próprias e sua observação sobre o mundo.


SOBRE AS MÚSICAS

Todas as composições datam seu início entre 2017 e 2018. Todas foram revisadas em 2021 e receberam algumas alterações.

IMENSA

Composição que reflete um pouco a minha relação com o mundo e com o canto. No refrão busco traduzir a forma como me sinto quando estou cantando e nas estrofes tem muito do que precisei me tornar para saber me virar no mundo.

SE PENSA QUE ME ALCANÇA

Nessa composição busco um paralelo entre o feminino esperado socialmente e o feminino que busco dentro de mim. Há um flerte também com algumas sensações e reflexões que um fim de relacionamento trouxe anos atrás. Sinto o refrão como um grito que estava abafado e a vivacidade de alguém que está pronta a combater os próprios medos. Ela me inspira coragem.


PRETÉRITA IMPERFEITA

Traz também uma tônica feminista, um pouco mais afrontosa e mordaz, questionando o machismos e sua dinâmica possessiva de nos persuadir, envolver, sempre colocando a mulher como louca, exagerada, vitimista. Também foi a partir de reflexões de um relacionamento escroto. Rola um certo deboche no refrão quando diz “sou pretérita no mundo, sou imperfeita pra você”, alguém que transita no mundo contemporâneo buscando sobreviver à liquidez das relações, com desejos e anseios que podem ser lidos como “antigos” e por isso se torna “imperfeita” para assumir uma relação com esse cara que, uau, se acha tão perfeito e ideal. Também é um grito.

DIÁLOGO COM BOBAGEM

Essa composição tenta dialogar com a música “Bobagem” de Céu, cantora e compositora que admiro imensamente e que sempre me inspirou na música. Nela tento trazer uma paisagem para a objetificação dos corpos femininos, que estão por aí tão facilmente estampados e na boca de geral, além da exigência por um padrão de beleza. Na última estrofe aproximo um pouco das minhas experiências, sobre usar batom vermelho e sempre ouvir piadinhas e ser sempre interpretada como alguém que está disponível a beijar qualquer boca, só por usar um batom vermelho. Relaciono com o fato de não pintar mais os cabelos e, para muites, isso soar negativo, desleixado, assim como os cortes de cabelo. E as unhas curtas por que deixei de seguir um padrão mesmo e uso as unhas e os esmaltes da forma que me sinto bem e quando estou a fim.

OLHARES CONTEMPORÂNEOS

Essa surgiu um dia, no metrô, enquanto observava a dinâmica do entra e sai das pessoas, o mundo fora, aparentemente parado, enquanto o metrô seguia veloz, frio, cinza, separado por um vidro sujo. As mil telas abertas e a falta de interação no ambiente, apenas as interações com as telas, frias, inertes. Comecei a me perguntar sobre aquelas pessoas e quantas vezes já teria passado por elas, nessas idas e vindas de metrô. Algumas eu já conseguia identificar ou me esbarrava diariamente e fiquei me questionando por que não tínhamos coragem de interagir. Conexões desconectadas.